A burguesia quer ficar rica… mas se os ricos não entram no céu… como fica, então?

É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus. (Mt 19:24)

O termo burguês foi cunhado na Idade Média, no século XII a partir do surgimento de uma camada social que surgiu com o renascimento comercial e urbano. Eram homens que se dedicavam ao comércio e acumulavam bens. Durante toda Idade Média até o período industrial foram ganhando espaço na sociedade.

É bom lembrar que na época de Cristo não havia definição dessa classe. Havia sim, pequenos comerciantes, mas nada como foi visto na Idade Média com a expansão comercial. Quando Jesus fala: “que é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus”. Ele está falando de pessoas com muitos bens, como aquele rapaz religioso que perguntou a Jesus o que mais tinha que fazer, já que guardava todos os mandamentos. E Jesus disse, “vende tudo que tens.” E ele saiu triste, pois era homem de muitas posses. Essa era a definição de homem rico.

Em contraponto ao que Jesus disse, temos exemplos de pessoas na bíblia que ajuntaram muitos bens. Jó foi um deles. Abraão e seu sobrinho tiveram que se separar, pois ambos tinham muitos rebanhos. Davi e seu filho Salomão gozaram de excelente condição, construíram um palácio real e o templo de Deus. O que pensar então?

No exemplo do jovem rico, alguns tradutores entendem que fundo da agulha ou buraco da agulha era uma passagem de mercadores em Jerusalém pequena e estreita, que exigia dos seus transeuntes que se abaixassem e muitas vezes tirassem a  carga de cima do camelo. Isso nos sugere que o grande problema do dinheiro, é o amor a ele. Já que nesse exemplo, é preciso ter desapego e colocá-lo de lado quando necessário. É preciso ter desprendimento.

O problema é que estamos acostumados com os benefícios que o dinheiro trás. Nos sentimos seguros e achamos que não precisam de mais nada e de ninguém. E é essa sensação de conforto que temos nos dias de hoje, devido ao emburguesamento de nossa sociedade. Que nos faz presunçosos e arrogantes. Abrimos facilmente mão da amizade das pessoas e nos isolamos numa bolha, por nos acharmos auto-suficiente.

Assim, se o dinheiro nos afasta das pessoas, ele nos afasta de Deus também. Pois dependemos menos dele e nossa fé vai se minguando. Deixamos de compartilhar para ajuntar. Pensamos no individual em vez de pensar no coletivo. Agimos como crianças mimadas que acham que tem que ter tudo a mão na hora que quer. E ainda por cima passamos a desprezar as coisas que temos, numa atitude “blasé”, ou seja, entediada e sem interesse.

Se dispuser do dinheiro com responsabilidade, não sendo servos dele e sim de Cristo. Se usarmos ele de acordo com nossa necessidade e dos que estão conosco. Se não quisermos ter as coisas para aparecer ou ser maior que o próximo, mas sim, fizermos o contrário, usarmos os bens para abençoar nosso irmão. Tem um conceito no judaísmo que diz que ser próspero está relacionado o quanto você contribui para o bem estar social de sua comunidade. Então, sejamos prósperos em boas ações e ajuntemos assim tesouro no céu, onde a traça e a ferrugem não o consomem e nem o ladrão poderá roubá-lo.

7 respostas em “A burguesia quer ficar rica… mas se os ricos não entram no céu… como fica, então?

    • transformados por Cristo são os mansos, tolerantes, verdadeiros, justos e piedosos. E os não transformados são: os adúlteros, assasinos, ladrões, egoístas, arrogantes, mesquinhos, falsos, mentirosos, vaidosos e presunçosos.

      • Foi exatamente isso que tentei dizer mano… se um rico for manso, tolerante, verdadeiro, justo, piedoso, servo de Cristo, humilde e todas estas coisas que formam o verdadeiro caráter cristão, ele entrará no Reino de Deus…

        Mas para quem quer ficar rico, fica meu alerta: Quer prosperar, vai trabalhar!

        Abraço..

  1. muito bem..ótimo post. oro para que as pessoas vejam esse blog se desprendam dessa teoria maluca da prosperidade e sejam verdadeiramente como jesus foi e que vc seja usado para desvendar os olhos de muitos crentes por ai.
    PS: EU QUERIA COMPARTILHAR NO MEU ORKUT MAIS EU NÃO ACHO O LINK..
    DE QUALQUER FORMA VOU DIVULGAR..

  2. Mais um ótimo texto, Graco! Muito bom mesmo.

    E em pensar que isso é tão claro na Bíblia e os crentes estão preocupados em gozar o melhor dessa terra… Jesus é bem claro ao dizer que para segui-lo devemos negarmos a nós mesmos.

    Que o Soberano nos abençoe e nos dê a oportunidade de sermos generosos.

    Em Cristo,

    Thiago Ibrahim do Blog do Ibrahim

  3. O texto é interessante, sob este ponto de vista evangélico mais ou menos radical. Pessoalmente não acredito em algumas colocações. Mas acho que o título está esquisito – a palavra ‘burguês’ não cabe aqui. Além disso “mas se os ricos não entram no céu…”; nem num título dá pra colocar uma afimação dessas, mesmo que seja pra chamar a atenção, já que isso não é verdade em absoluto.

    • o título é sim pra chamar a atenção, é provocativo, e provocação tem suas contradições. A questão que gostaria de chamar a atenção é sim sobre essa idéia de enriquecimento a qualquer custo que a teoria da prosperidade sugere. De qualquer forma, os ideias burgueses de acumulo de riquezas podem ser criticados pelas palavras de Jesus: não ajunteis tesouros na terra onde a traça e a ferrugem consomem. A crítica sim é essa ênfase da teoria da prosperidade que pra mim tem haver com o pensamento burguês. O protestantismo ganhou força com os burgueses europeus que viram nele uma forma de serem recebidos pela religião e pela sociedade, já que a igreja católica condenava o lucro. Max Weber em seu livro: A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo defende a tese de que os protestantes buscavam sim o enriquecimento, e esses protestantes eram a burguesia alemã que foi seguida pela burguesia de outros países europeus e pelos americanos. Nos dia de hoje a classe média incorporou o pensamento burgues e muitos de nós fazem parte dela. Assim: burguês e riqueza fazem parte de um modo de vida, modo que critiquei por ser mesquinho, egoísta, excludente e explorador. E a salvação em Cristo não compartilha desses ideias. Se a pessoa tem bens, mas esses bens estão a disposição dos seus (família) e do reino. Se ela é piedosa, justa e confia mais em Deus do que nos seus bens, ela vai pro céu sim. Diga quais colocações não concorda exatamente. Obrigado.

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