Noé, existiu?

Assisti esses dias um documentário na Discovery Channel sobre Noé. Primeiro eles questionaram a narrativa bíblica, falaram que era fantasiosa e inverossímel. Aos poucos, foram falando de outras narrativas que falavam de dilúvio, dentre elas a dos Sumérios. O mito de Gilgamesh trás uma narrativa de um dilúvio que durou 7 dias, o de Noé foram 40 dias e 40 noites.

Eles argumentavam que a narrativa bíblica do dilúvio foi inspirada no mito Sumério, já que foram eles que escreveram primeiro sobre o assunto. Disseram que os escritos sumérios foram passados de escribas a escribas até chegarem aos sacerdotes israelitas. Olha, eu estudei numa faculdade que ensina a gente a ter pensamento acadêmico, assisti aulas de especialistas em histórias bíblicas e do povo de Israel e essa suposição não tem nada de científica e é pouco plausível com a história de Israel.

Vamos aos argumentos: Primeiro lugar, eles tratam a bíblia como um livro único, escrito por um grupo de pessoas que estavam próximas e com os mesmos princípios. Na verdade, a bíblia é uma coleção de livros que foi escrita durante séculos por autores distintos. Protestantes alemães foram os primeiros a fazerem análise literária da bíblia e eles investigam que no mesmo livro havia características de escrita diferentes, imagine na bíblia toda.

Outra coisa, os sumérios podem ter sido os primeiros a registrarem através da escrita, já que foram o primeiro povo que a desenvolveu, mas não invalida histórias de outros povos só porque esses não escreveram suas histórias. Os hebreus, como eram primeiramente conhecidos os israelitas, tinham uma tradição oral. Suas histórias eram passadas de pais pra filhos, de boca em boca. Moisés foi o que escreveu toda a tradição judaica, mas tem por exemplo o livro de Jó que é anteiror ao pentatuco (5 primeiros livros da bíblia).

Já vi gente na internet acusando os israelitas de plágio por contarem história semelhante a dos sumérios. As pessoas leram muito Código da Vinci e acham que tudo é teoria da conspiração, que no mundo antigo, com povos que falavam línguas diferentes e viviam distantes uns dos outros, é fácil difundir uma ideologia ou religião.

No documentário Noé seria um comerciante que devia a seu pares e que fugia de sua cidade por não poder honrar suas dívidas. Abasteceu o barco com suprimentos e animais e foi surpreendido por uma tempestade de proporções catostróficas. Tendo sido arrastado até o mar. Não tenho nada contra a narrativa suméria, mas reduzir Noé que durante décadas pregou sobre o dilúvio, a um comerciante endividado, acho muito ofensivo e sem base científica nenhuma. Não há padrão para justificar que a história de um povo pode atravessar quilômetros de distância e todas as barreira culturais, como língua e religião e ser incorporada por outra cultura.

Outra coisa, a classe sacerdotal foi instituída depois de Moisés, e as histórias sobre dilúvio são bem mais antigas. Já faziam parte da tradição do povo judeu. Não havia classe religiosa dominante que pudesse incutir uma idéia ao povo. A idéia já estava lá, já fazia parte da cultura daquele povo, que era extremamente zeloso por suas tradições e cultura.

Para finalizar, temos o relato do dilúvio entre os gregos e romanos e até entre os maias, povo que viveu na américa antes da colonização européia. Agora quem trouxe essa história para os Maias, os padres católicos, como? Se eles não tiveram contato com a cultura européia antes do descobrimento da América. As pessoas querem desmerecer a bíblia para não terem que acreditar nela, promovem o auto-engano, só que no dia do juízo não haverá desculpa para elas. Pois será dito que eles tiveram a lei e os profetas, ou seja, toda a palavra escrita para testemunhar sobre Deus está aí, quem quiser aceitá-la será salvo, quem negá-la, estará em condenação.